17.09.23
Cookie Jane, a rainha do drill uma das vozes mais interessantes a brotar do mundo hiper-masculinizado do hip hop, como provam os seus singles. O carisma que Cookie Jane tem revelado nas suas músicas são reflexo de uma relação profunda e longínqua com a música.
Desde criança, sempre fui uma jovem sonhadora. Sempre sonhei em estar no palco, porque essa sempre foi a minha zona de conforto. Desde muito cedo, comecei a correr atrás desse sonho. No meu dia a dia, a música não é a única coisa em que estou envolvida; trabalho arduamente para conseguir viver da música, pois acredito que é possível. É uma batalha constante, mas é um sonho que vale a pena. Além disso, a minha vida social é algo muito importante para mim. O meu círculo de amigos é pequeno, mas muito significativo. A convivência pode ser um desafio, pois nem sempre sou a pessoa mais extrovertida, mas valorizo aqueles que estão ao meu lado”, compartilha Cookie Jane, refletindo sobre a sua jornada.
Ela menciona que a vivência da sua família influencia as suas letras, embora não aborde diretamente esses temas nas suas músicas. “Quando se trata da minha história, há muitas nuances que gostaria de explorar. A minha família passou por diversas situações e experiências que moldaram a minha perspectiva de vida.
No entanto, não me sinto pronta para falar disso nas minhas letras. No futuro, talvez comece a abordar esses temas de forma mais explícita, mas neste momento, prefiro manter algumas partes da minha história reservadas. O que sei é que a música é uma forma de expressão poderosa, e acredito que um artista deve ter um propósito e uma mensagem que ressoe com o público”, afirma. Cookie Jane começou a sua carreira musical em 2018, embora já tivesse cantado desde a infância.
"Sempre fui muito racional, observadora. Vi as minhas amigas a cantar e a se destacarem, e sempre pensei: 'Eu também quero fazer isso'. No entanto, eu não queria ser apenas mais uma artista a entrar nesse mercado; queria ser a primeira a fazer algo único. O meu objetivo era trazer algo novo para a cena musical. Queria lançar um rap drill que ninguém tinha feito em Portugal, algo que surpreendesse as pessoas", explica, destacando a importância da originalidade na sua música.
O lançamento do seu primeiro trabalho gerou reações mistas. Enquanto alguns apoiaram a sua visão, outros estavam céticos. "No início, as pessoas estranharam a minha abordagem, mas algumas começaram a apoiar. O apoio que recebi de amigos e fãs foi crucial para a minha trajetória. Até hoje, continuo a receber apoio, e isso é algo que me motiva imenso. Daqui a cinco anos, espero estar em palcos maiores, a representar não apenas a mim mesma, mas também todos aqueles que me apoiaram ao longo do caminho. Se eu subo, os meus também sobem. Não deixo para trás quem esteve comigo; valorizo muito aqueles que me apoiaram quando estava em baixo. É essencial manter essa conexão”, acrescenta.
A importância da união entre artistas em Portugal é um tema que Cookie Jane não ignora. "Acho que deveria haver mais colaboração e menos rivalidade. Às vezes, parece que as pessoas não conseguem ver o outro como uma oportunidade, mas sim como uma ameaça. Vejo artistas que poderiam trabalhar muito bem juntos, mas que são impedidos por desavenças que não fazem sentido. Devemos olhar uns para os outros como aliados, não como concorrentes”, comenta, refletindo sobre a cultura musical no país. Ela também fala sobre as influências que recebe de outras artistas, especialmente mulheres negras que superaram desafios no rap. "Artistas como Miss Sheila, HMB e outras são modelos a seguir para mim. Elas mostraram que é possível romper barreiras, independentemente de onde viemos.
A sua força e resiliência são inspiradoras. No meu percurso, sempre procurei me cercar de influências positivas que me lembrassem que a luta vale a pena e que o nosso trabalho é válido. Essas artistas ajudaram a moldar a minha visão de que eu posso ser única e ainda assim fazer parte de uma comunidade”, enfatiza.
Ao longo da conversa, Cookie Jane compartilha um conselho valioso para os aspirantes a músicos: "Nunca percam a vossa essência. Sejam vocês próprios. É fácil deixar-se levar pelas opiniões dos outros e sentir-se desmotivado, especialmente quando se está a começar".
(...) Mas o mais importante é acreditar em si mesmos. Se vocês acreditarem no que fazem, mesmo que não tenham apoio imediato, um dia o reconhecimento virá. Sejam autênticos e não se deixem desviar do caminho que escolheram. E mesmo que algumas pessoas não apoiem o vosso trabalho, isso não deve ser a razão pela qual vocês existem. A música é uma forma de expressão, e cada um de nós tem uma voz que merece ser ouvida.”
A Real Talk com Cookie Jane é uma janela para o que significa ser uma mulher na indústria da música em Portugal. Através da sua autenticidade, determinação e visão clara do futuro, ela não só inspira os que a rodeiam, mas também abre portas para outras mulheres que sonham em fazer parte desse universo. A jornada de Cookie Jane está apenas a começar, e estamos ansiosos para ver onde a levará a sua paixão pela música.
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