01.04.22





Quando o tema é Street Knowledge podemos contar com a presença do professor, Ydalo Neves aka Phoenix RDC. Nascido em Angola e criado no bairro de Vialonga, é como a criatura mitológica que renasce das cinzas, tornando-se uma das vozes mais interessantes do hip-hop nacional.




Na entrevista com Phoenix RDC, o rapper português não apenas se estabelece como uma figura central no panorama musical do hip-hop, mas também compartilha a sua jornada pessoal que moldou a sua arte. Nascido em Angola e trazido para Portugal ainda muito jovem, ele cresceu numa localidade chamada Vialonga, nos arredores de Lisboa. Para ele, Vialonga é quase um mundo à parte, um "planeta" com uma realidade diferente da que muitos conhecem, e essa disparidade tem um papel fundamental na sua narrativa.


Phoenix RDC é comparado a uma criatura mitológica que renasce das cinzas, simbolizando a sua capacidade de se reinventar e emergir como uma voz autêntica e poderosa no hip-hop. Como um perito escritor de canções e um contador de histórias nato, ele traz à luz a realidade crua e as experiências vividas nos bairros, adotando uma abordagem de story rapper que ressoa profundamente com os ouvintes.


A sua música é uma representação fiel da "real street knowledge", um testemunho da vida nas ruas que ele conhece tão bem. O rapper menciona os seus projetos, como "Caos", "Renegado" e "American Express", e agora, "M.A.D.H.P", cada um refletindo a sua visão única de uma vida que nem sempre se conforma às normas estabelecidas.


Para Phoenix, essa realidade é uma condição inevitável, e ele não sente necessidade de pedir desculpas por isso. Phoenix fala sobre a liberdade artística que encontrou ao longo do tempo e como essa liberdade se reflete nas suas letras e no seu estilo. Nos últimos anos, Phoenix RDC tem-se afirmado como um dos nomes mais celebrados do rap nacional, acumulando não apenas projetos a solo, mas também participações em faixas de artistas renomados como Sam The Kid, Valete, Regula, Wet Bed Gang, Jimmy P, Beatbombers, Kroniko, Dynamic Duo, DJ Nel Assassin e Mag. Estas colaborações evidenciam a sua relevância na cena musical e a sua capacidade de se conectar com outros artistas, sempre mantendo a sua autenticidade.


Phoenix fala sobre o panorama do hip-hop em Portugal, enfatizando a importância de os artistas permanecerem fiéis a si mesmos, mesmo diante da pressão da fama e das expectativas externas. Ele observa que, embora colaborações sejam uma parte vital do hip-hop, nem todas são bem-sucedidas, e muitos artistas, em busca de reconhecimento, acabam comprometendo a qualidade da sua música. Para ele, o verdadeiro valor da arte reside na capacidade de transmitir sentimentos genuínos e experiências vividas, em vez de se conformar com as tendências comerciais. Durante a entrevista, Phoenix aborda os desafios que novos artistas enfrentam, especialmente em relação à recepção pública e às críticas.


Partilha a ideia de que o sucesso no hip-hop não é imediato, e que a perseverança e a autenticidade são fundamentais para a trajetória de qualquer artista. Ele destaca a necessidade de encontrar um equilíbrio entre criar música que ressoe com o público e manter a identidade individual. As críticas são outro tema que Phoenix explora, reconhecendo que muitos artistas lutam para lidar com feedback negativo. Defende que, independentemente das opiniões alheias, o mais importante é ser fiel à própria voz e à mensagem que se deseja comunicar.


A conversa com Phoenix RDC é uma profunda reflexão sobre a autenticidade na música, a relação entre artistas e público, e a importância de se manter fiel a si mesmo em um mundo que muitas vezes valoriza mais a fama do que a arte. A sua visão sobre o hip-hop destaca a necessidade de criar uma música que não só entretenha, mas também eduque e inspire. Com um lugar garantido na história do rap português, Phoenix RDC continua a ser uma figura influente, reafirmando o seu papel como um artista que não apenas narra a sua história, mas também a história de muitos que se identificam com as suas experiências.